domingo, 14 de fevereiro de 2016

A Origem dos Transportes Aquaviários

 


Definir a origem dos transportes aquaviários não é tarefa fácil. De maneira geral, desde os primórdios da humanidade, o homem sempre demandou a natureza como uma espécie de porto seguro, sempre dependeu dela para tirar o seu sustento. Mas, daí até sentir necessidade de trasladar toda sorte de produtos pelo mar, rios e lagos seria um longo caminho.

Cyro rezende, em sua obra, História Econômica Geral, leciona que foi no decorrer do período neolítico (7000-3000 a. C.) que o homem adotou uma radical mudança em seu relacionamento com a natureza. De um comportamento puramente predatório, baseado na caça, pesca e coleta de frutos e plantas comestíveis, que lhe permitia uma existência nômade e impedia seu crescimento demográfico, ele lentamente passou a ser um produtor, modificando, com sua intervenção, a seleção natural das espécies animais e vegetais favorecendo a reprodução daquelas que lhe poderiam servir de alimentos.

Pois bem, foi a partir da mudança citada acima, em especial com o advento da agricultura, que o homem adquiriu hábitos mais sedentários e verificou, na instituição das primeiras comunidades, um meio para provê-lo de alimentos e  segurança. A possibilidade de cultivar a terra, e de se ter sobras desse cultivo (ou excedentes), deu ensejo às primeiras trocas, predecessoras da atividade comercial.

Civilizações Hidráulicas  

Por todo o exposto supra mencionado, merece menção que Rezende (2010) destaca as chamadas civilizações hidráulicas. Essas civilizações seriam as que se fixaram nas margens dos grandes rios, tais quais: em torno dos vales do Rios Tigres e Eufrates na Mesopotâmia; do Nilo, no Egito; do Ganges, e do Indo, na Índia; do amarelo na China.

Todas essas civilizações, fixadas nas margens dos rios, usavam embarcações para transporte de produtos e até mesmo escravos, em pequena ou grande medida. Dessa forma, é possível concluir-se, em tese, que o desenvolvimento da agriculutura, com acúmulo de excedentes e a necessidade de transportar os diversos produtos naquelas sociedades ditas civilizações hidráulicas, ensejou o surgimento das embarcações e como tal dos transportes aquaviários.

Civilizações Comerciais

Por outro lado, o autor retrocitado traz à luz ainda as chamadas civilizações comerciais que têm essa classificação em função das condições geoclimáticas pouco propícias ao desenvolvimento da agricultura. Dessa forma, foram obrigadas a voltarem-se para o exterior, a fim de conseguir os produtos alimentícios básicos, que não conseguiam produzir em quantidade suficiente.

Isto forçou-as a desenvolverem uma urbanização precoce e uma economia artesanal baseada na transformação das poucas matérias-primas de que dispunham em abundância, voltada para exploração comercial. Então, em regra, as civilizações comerciais tinham vocação mercantil e se tornaram excelentes navegadores para materializar as importações a exportações da época. A exemplo disso, citam-se a Civilização Minoica de Creta e os Fenícios; sobretudo, esses últimos que se destacaram como grandes mercadores e navegadores da antiguidade.

Minoicos


A Civilização Minoica se desenvolveu na ilha de Creta entre 2700 e 1450 a.C., tendo em Cnossos a principal cidade. Permaneceu durante muito tempo na maior ilha do Mar Egeu. O período áureo da ilha se deu entre 1570 e 1425 a, C., quando a cidade de Cnossos deve ter se imposto às demais, iniciando um período de centralização administrativa, e estabelecendo uma hegemonia marítima (talassocracia) sobre as rotas comerciais do Mediterrâneo Oriental, suprimindo a pirataria e a concorrência de outras ilhas.

Fenícios

Por seu turno, no início do terceiro milênio a.C., populações de origem semítica estabeleceram-se ao longo da costa do Líbano atual. Essa região, pouco propensa para a agricultura, com estreita faixa de terras agricultáveis, com relevo bastante acidentado, formando estreitos vales dependentes unicamente das precipitações pluviométricas como fonte de irrigação, forçou essas populações - fenícios, como vieram a ser conhecidos -, se dedicarem à pesca, como meio de garantir sua sobrevivência.


Aproveitando sua precoce familiaridade com o mar, a existência de grandes florestas de cedro - madeira excelente para a construção naval -, e bons portos naturais, os fenícios voltam-se definitivamente para a atividade comercial, passando a cultivar vinhas e oliveiras, culturas nada exigentes quanto à fertilidade do solo. Dessarte, os fenícios aprimoraram a construção naval desenvolvendo embarcações especiais maiores e mais eficientes que as demais. Por um tempo, eles dominaram o Mediterrâneo econômica e militarmente, até que Roma aprendeu a copiar seus navios.

Das Grandes Navegações aos dias atuais

As grandes navegações surgiram com a necessidade de abrir novas rotas marítimas durante o Renascimento, para obtenção de matérias-primas, metais preciosos e produtos não encontrados na Europa, com destaque para as chamadas especiarias (pimenta do reino, cravo da índia, noz moscada, etc.). A partir disso, os portugueses adaptaram tecnologias árabes e criaram, no século XV, a caravela. O diferencial desse tipo de barco era a capacidade de usar grandes velas, o que aumentava a velocidade da viagem, sem perder a estabilidade do casco.
Em fins do século XVII, os franceses criaram o chamado "navio de linha", próprio para uso militar. A embarcação, que carregava mais de 70 canhões em suas laterais, mudou definitivamente as batalhas em alto mar, tornando-se o "modelo" para a construção de navios de guerra.
O primeiro teste registrado de um barco motorizado ocorreu em 1886 no rio Neckar, na Alemanha, usando um protótipo construído no quintal do engenheiro Gottlieb Daimler. Apesar disso, as primeiras companhias fabricantes desse tipo de embarcação surgiram só algumas décadas depois, na Inglaterra e nos Estados Unidos.
Por fim, mas não menos importante, verifica-se que o advento dos transportes aquaviários influenciou (e continua a influenciar) sobremaneira o progresso da humanidade, sobretudo com os avanços tecnológicos vividos nos dias atuais. Hoje, cerca de 95% das mercadorias do mundo são transacionadas pelo modo aquaviário, sendo que as principais rotas globais estão inseridas no sentido leste/oeste e vice-versa. As rotas norte/sul ainda têm potencial para experimentar razoável crescimento, a depender do planejamento e investimento neste relevante setor que é o de transportes aquaviários.

Fontes:

FILHO, Cyro de Barros Rezende. História  Econômica Geral. São Paulo: Ed.: Contexto. 2010
www.ohistoriante.com.br. 
www.infoescola.com.br
www.historiaviva.org.br

E-mail: cleydsonsilva001@gmail.com


www.linkedin.com/in/cleydson-silva











Nenhum comentário:

Postar um comentário